Essa seção é para registrar poesias de poetas e artistas nazarenos.Aqui irei apresentar trabalhos de poetas da velha e nova geração .Iniciarei prestando homenagem ao poeta José Bonfim,da velha geração,cuja poesia é intitulada Nazaré.
Nazaré
Minha gleba natal!Minha terra querida,
Onde os olhos abri para as lutas da vida!
eu venero e bendigo o teu nome sagrado,
Num protesto de fé,num sonho sublimado!
Amo a luz do teu sol,vibrante,americano,
O teu céu majestoso,o teu rio cigano,
Os teus campos florindo e as tuas montanhas,
Como um rude tropel de figuras estranhas .
Em teu seio nutriz eu despertei,um dia,
Para as lidas do amor e da melancolia;
Conheci a esperança amiga e prazenteira;
E verti,em mudez,a lágrima primeira.
Como é bom recordar o tempo de criança,
Portador de ilusão,de graça e bonança,
Como é grato evocar a quadra de menino,
Em que andava a brinca,em franco desatino!
Era o gênio do mal,tremendo furação,
Pela tua floresta,em plena agitação,
Espantando no espaço os mansos passarinhos,
Derrubando por terra os delicados ninhos.
Quantas vezes corri atrás das borboletas,
Como um bobo de circo a fazer piruetas!
Quantas vezes também pelas tarde de estio.
Mergulhei no lençol das águas do teu rio!
És a terra da luz,da paz e do trabalho,
Onde vibra o arado e repercute o malho,
Onde o forte operário,ardente de ufania,
Consegue conquistar o pão de cada dia!
O teu solo produz,entre penhascos brutos,
Audaz palpitação de flores e frutos,
E flameja em teu céu,coberto de ouropéis,
A fumaça que sai de grossas chaminés!
Não tens a ostentação das cidades malditas.
Onde a fome persegue multidões aflitas!
Não tens o vendaval das lutas de opressão.
Maculando o ideal,sufocando a razão!
És modesta e gracil como um lírio orvalhado,
Como a flor da manhã,de brilho imaculado;
As virtudes cristãs,descendo do infinito,
Encontraram guarida em teu solo bendito...
Nazaré!Nazaré!Meu berço e sepultura,
Meu jardim de ilusão e minha cova escura!
Eu conheço o valor da tua nobre história,
Palpitante de amor,de civismo e de glória!
Na vertigem cruel do século presente,
Em que o mundo se torna agitado e descrente,
Lanço a vista,afinal,pelo céu claro-escuro,
Como um louco a sonhar com o teu grande futuro.
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